sexta-feira, 9 de março de 2012

Despertar irreal

Sono levíssimo no gargarejar do pássaro
Curto como o pio do mesmo pássaro
Cotidiano como o café, reveladores como vitrines da pornografia
Contraído entre um REM e a distração do nevoeiro
É a fragilidade da bailarina embalada na fantasia do solo de jazz
É um instante apocalíptico o abrir repentino das cortinas
Os olhos não querem, não desejam, pois estão fartos de tanto contraste
Há de se levantar e confirmar, sem querer, a morte da barata num canto do quarto
E o momento de não se saber se o ser é sonhado ou irreal mesmo sendo material

A contragosto

Engoliu o sêmen sem sede, enquanto o útero de seus largos quadris era reservado à semente de um homem inexistente. Como a casta virgem pretende agir, mas faz de tudo por seu prazer, sempre reserva seu ventre ao divino invisível num mundo de profanos. E que tesão isto lhe consome! Então aprendeu a sofrer, pois os homens a desejam. Assim ela suspira com o fogo, labareda dançante a provocar. Mas logo tudo se apagará quando perceber que o homem de seu sonho é invisível. Poderá ser aquele a possuí-la também possuído pelo divino ato profano de seus sonhos eróticos?

Mulher, que fizeram contigo? Que merda de educação deram a ti? Donde aprendeste tanta submissão na fragilidade? Porque esperar tanto pelo inexistente e negar o que pode ter às mãos se lutares? E pra quê novamente projetar todo seu desejo em uma paixão momentânea como se fosse eterna? Esse seu desejo, ouso dizer mesmo não sendo mulher, parece ser a contragosto... Vai engolir e vomitar amores mal-fadados, acabarás por ter que suportar o cheiro e gosto de sêmens jamais escolhidos por teu corpo. É assim que viverás a contragosto de tua liberdade?

sábado, 25 de fevereiro de 2012

A retidão e o estreito

Houve vitórias, claro que sim, é uma obviedade! Todos bem sabem das glórias.
E as derrotas? Não foram contadas, mas estão contabilizadas. Seja na experiência ou na amargura. Estão lá dentro de nós, mesmo quando ocultas. São reveladas no silêncio pensativo.
Quantas de cada você teve? Ora, que jogo mais tolo! Executivos no topo do olimpio adoram se impor contando todas as vantagens e façanhas pessoais.
Enfim, os reles outros, seres não elevados pelo deus mercado, não terão os céus na derrota! Mas que conceito mais esdrúxulo!
Quem impôs a realização do sucesso o estrito e estreito princípio da vida? O crescimento! Como haveria mais para todos se não mais sucesso?
E os derrotados? Legados à miséria? Quanta mesquinharia! Serão eles vítimas? Ah, dizem que são sim, e da própria falta de sorte.
Vitória ou derrota, tanto faz. Temos é que fazer. Como humanos, com humanidade, sem dúvida!

Com o passar dos séculos dominamos a matéria-prima e posteriormente nós próprios - e mesmo quando arrediamente fora de nosso controle, sabíamos do erro antes dele explodir entre nós. Eis o egoísmo de nossa espécie em relação a natureza,
O erro, neste método, se revela tardiamente, antes de percebermos que era mera vaidade ante nossos semelhantes para dizermos que ultrapassamos limitações, para dizer que avançamos, para dizer que não há limite para chegarmos.
Mas sempre soubemos desta hipocrisia e assim levamos a vida porque haverá o demorado tempo a permitir a invenção abstrata de subterfúgios e escapes ante a coisa real toda exposta e corroída, quando não explodida.
Assim se encontrou a abstração do trabalho sobre o trabalho quando, já sabidos do que é desacerto, tentamos concertar, mesmo sem concerto, para nos convencer de que sabemos bem o que estamos fazendo independente de nossa mesquinharia ou ignorância.
Este é o mais elevado grau do trabalho de nossa civilização: saber que vai dar errado, saber qual é o erro, usar do tempo que antevê o erro para: fazer acreditar que tudo está verto e convencerem os mortais que estarão melhor assim; e então determinar possíveis culpados quase de forma conspiratória.
Por fim, quando tudo der errado, o recurso é tentar concertar e acreditar seja lá qual for o resultado. Depois vem a melhor parte, logo haverá recompensas ao donos do sistemas e prejuízos aos vitimados da máquina criada pelo seres reconhecidos mais elevados.
Esta é a nossa vitória! Finalmente sabemos como seguir a linha reta que leva estreitamente ao progresso.
E a derrota? Bem, a derrota é o funcionamento deste sistema!

Que seja relegado ao esquecimento toda a vaidade do trabalho! Este que se tornou o grande fim de nossa civilização, a partir da transformação do mundo em nosso mundo para, senão somente, nós mesmos.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A Terra Baldia

"A Terra Baldia" é uma série de escritos que comecei a escrever, sendo que desenvolvo o tema desde o ano passado em diversos textos, baseado na seguinte premissa:

Este mundo que temos é apenas uma possibilidade, que por ser hegemônica é canônica, é canônica porque o poder hegemônico assim determinou que o mundo seguiria sua imagem idealizada e sacralizada independente do custo que todos pagariam. Então é possível um outro mundo. Como é emergencial sua transformação, pois já é clara a não sustentabilidade do sistema e modelo vigente, ela seguiria com a ruptura de tudo que é dado neste mundo. É algo que precisa ir no que aparenta ser a direção contrária ao que temos dado como realidade. Talvez o que pode ser imaginado como o oposto deste mundo é só mais uma possibilidade. Mas esta permite mais liberdade, ou assim tenta permitir, mesmo que não saibamos bem como ela é, sabemos que o que vivemos atualmente não a permite de modo algum.

Fique claro que esta é exatamente a minha visão atual sobre o mundo. No texto tentarei expor o mundo que temos e o qual, baseado em minhas aspirações, podemos ter. Apresentando questionamentos pertinentes, acredito, à todos nós como humanidade ansiosa por um futuro ao invés do fim de tudo.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Cena das coisas jogadas foras

Por entre amontoados de coisas de todos os tipos, consideradas inúteis por aqueles que sempre compram mais, a criança passeava tentado catar pedaços para criar seu brinquedo.
Como ela queria escalar aquelas montanhas de tanta coisa junta! Mas nunca eram sólidas o bastante e eram tão frágeis quanto o sentimento daqueles a despejarem mais e mais objetos para formar um mundo poluído onde seus pais tiravam o sustento.
À noite todos dormiam no barraco e não raro baratas zanzavam perdidas pelos corpos fatigados tentando descansarem deitados no chão. As baratas também passeavam por todo tipo de coisa, de fato não havia algo que elas não tivessem tocado suas patas.
A criança viajava, era um devaneio, ao imaginar o que tais seres já viram dentro daquelas pilhas de tanta coisa que ela jamais poderia ter contato, ao menos se jogasse no meio daqueles montes e virasse mais uma coisa no meio de tantas outras para tudo ficar perdido para sempre e viver eternamente com o que foi esquecido, apesar dela ser tão ignorada quanto tudo que foi jogado fora, sendo somente visitada pelas colegas cascudas.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Violentando

Você vem aqui e fode violentamente comigo toda noite. Depois me deixa jogada no chão, toda gozada e impregnada do seu cheiro. Eu não gosto disso! No entanto estou toda aqui, entregue quando você quiser vir...
Imediatamente ele interrompe, a dizer:
Te foder!? Não deixo de admitir que o que fazemos é de um ânimo extremo e que metemos muito bem, com pujança sem igual! Mas isso não é o bastante! Pelo jeito que mal lhe trato quando transamos, não é bastante para sempre nos encontrarmos e sempre fodermos com gozo cada vez maior. Esse nosso jeito de gozar, o quanto somos animais quando gozamos, sempre é mais intenso, acho que nem vem do jeito violento pelo qual nos agarramos e metemos! Vem da sua beleza! Você é terrivelmente bela para deixar de te foder toda noite! Não tem como eu escapar de sua beleza e é muito mais sua presença que o modo como geme, seu contorcionismo, balanço ou seu orgasmo! É algo que sinto o dever de fazer com toda a minha força física, é um impulso de querer gozar contigo, de querer se entregar à nossa transa que a única forma de me entregar totalmente é com vigor físico! E ficamos cada vez mais possantes nesse nosso amor! Ou mesmo que não seja amor, eu não abrirei mão de você ou dessa nossa relação violenta!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Diálogo na porta de um bar na madrugada

-Talvez estejam exclusivamente preocupados com suas vidas. Você sabe que tô falando do focinho de cada um como sendo sua mais sincera preocupação.

-Pode ser que estejam preocupados consigo mesmo pelo senso de preservação, a coragem não cabe a todos, meu caro. O que me preocupa é o fato desta preocupação consigo ser dum egoísmo manifesto no sistema. Eles não estão nada além da perpetuação do status quo.

-Isto das consciências emergirem, de consciências transarem, de consciências se fundirem, de consciências andarem livre leves e soltas interferindo umas nas outras; bem, isso mais destruirá...

-... A principio sim. E haverá transformação. Será algo muito belo.

-As pessoas fugirão! E o resto do mundo nem se interessará!

-Precisamos de artistas. Não de pessoas que fujam, desconheçam ou finjam desconhecer as tantas facetas humanas, sejam lhes interiores e exteriores. As criadas pela beleza, as criadas pela destruição. A arte comporta tudo dentro de seu ato de criação.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Mais uma divagação no caderninho do desassossego

Divagação por nada

De certa forma estragado e gasto pela realidade criada entre estes dois últimos séculos.
Tropecei quando tentei observar o mundo, no momento que ficou como um devaneio.
Agora está claro que a hora do descanso é somente na hora de dormir e o verdadeiro sono vem só depois da morte.
Logo o etéreo ficou uma coisa alhures.
Custou a perceber que a fragilidade da fantasia é a expressão máxima daqueles que ressentem a nudez.
E doeu.
Mas agora as coisas se desvelam fluentemente quando converso só comigo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Dos tempos de felicidade

Claramente a felicidade não pode durar muito tempo. Se no passado sempre fomos mais felizes que no presente, quando constatamos que somos felizes agora, será então por momento e não será tão perceptível que a felicidade já não é mais a mesma pelo tempo que ainda cremos plenamente nela ou na volta dela; é então que já começa a queda em linha levemente inclinada, mas só a percebemos quando já estamos jogados ao chão.

Durante a queda tudo tem uma face ilusória, para não dizer mágica ou fantasiosa (é assim que vemos tudo quando ainda não percebemos a queda). Temos o começo da queda no momento que estamos cientes que somos felizes há tão pouco tempo que cremos que voltaremos ao estado do qual saímos embriagados; sutil ilusão, a felicidade é um momento, o que dura depois é ilusão sob o nome de nostalgia. A felicidade plena é como um raio, e só a percebemos quando ouvimos o trovão, depois disso é somente a espera por outra luz (ou flash) no meio do temporal da vida.

Ah, as sutilezas que vivemos, sem perceber que a tempestade está cada vez mais furiosa. Pequenas distrações e efemeridades que não me fizeram crer na emergência do nefasto temporal. Esse clima de tempo fechando era presente em intervalos regulares, mas depois vinha certo alívio de saber que a nuvem negra não aprecia tão fatal, mesmo com o aumento de sua forma ameaçadora; era a sensação que estava tudo bem e isso me dava todos os tipos de prazeres: do mais leve alívio, passando para um êxtase até os picos de excitação.

Do sonho ao porre

Cada porre me adoece mais
A mente longe de distorções
É insana ante esta realidade a ser mudada
Que anda como lesma e seu rastro pegajoso nos prendem
Distrai nossas vidas a não se importarem
Então nada mais precisa mudar, pois é festa!

Estou doente e a cada porre eu pioro
Não consigo fingir que não existem tanta coisa insuportável
Quero o mundo de meus sonhos agora!
Machismos, mulheres sendo comidas, corpos intocados dançam frenéticos
Separam o amor do sexo, as mulheres não gozam e sentem-se dominadoras de mentes masculinas que no subterfúgio da sedução mantém seus vícios
Ainda somo medievais, poeta do roquenrou! E sem piedade!

Cada porre e minha mente está se despedaçando, parece morte mas não é
Ela se fragmenta e eu vou entregando os estilhaços e esquecendo tudo que sonhei
Este mundo é o que existe, mas eu quero aquele outro!
Sempre me lembro disto e adoeço mais ao ver que já na madrugada o mundo ainda é o mesmo
Eu, por um breve momento, esqueci o sonho para viver o porre.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Distraído pelo jazz

Sim, é isto mesmo que só o jazz e mais nada, nem alguém, faz comigo. Isto não tem nome. São umas sensações meio ansiosas, meio embriagadas, devaneios transgridem e uma vibração acomete o peito deixando os sentidos atordoados.
Logo começo a ficar tão lúcido, pois sei muito bem o que cada instrumento está falando. Não há mais nada se não estas vozes. Estou bem desperto para o que tem a falar.
Nenhuma outra voz foi tão clara e sincera quanta esta que em seu sopro não atinge direto meus ouvidos para me conquistar. E sim vibra por todo o ar, envolvendo toda minha pele arrepiada no pulsar do coração desta canção.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Das crônicas dos jovens escritores

Ele sentou no sofá segurando uma lata de cerveja. Cruzou as pernas e bem acomodado soltou o corpo se afundando entre as almofadas. Permaneceu deste modo e seu olhar fixo em um ponto que só existia em sua imaginação. Entre um gole e outra levantava uma das mãos e suavemente mexia os dedos lentos. Em um movimento levantou-se sem se preocupar que me assustou e disse “Preciso escrever”. Já sabia onde guardava as folhas e canetas (na aposentada escrivaninha ao lado do sofá), abriu a gaveta, pegou o que precisava e foi até o parapeito da janela para se apoiar em pé e finalmente olhar fixamente o papel todo branco enquanto rodopiava a caneta entre os dedos esperando o momento certo de abri-la e deixar tudo escorrer de sua imaginação manchando o branco como se fosse um pintor.
Não tardou a escrever sem cessar. É tão belo esse impulso criativo e tão dele que não conseguia me aproximar e até evitava olhar porque, quando fazia, ficava tão inquieta quanto ele. Em um par de minutos preencheu toda a folha com inúmeras linhas azuis espremidas quase caóticas. Preenchida toda a primeira folha ele a dobra até caber no bolso do paletó e lá a deixa repousar por toda a noite, até tirar a vestimenta em seu quarto.
Tão curiosa e atraída (já não por ele, mas sim pelo mistério que era aquela folha toda marcada de tinta) pergunto se posso ler seu mais novo escrito, levo um arrogante “Ainda não, logo publicarei” e o dito não me surpreende, pois a contragosto percebi que era vã a vontade de ver algo que ainda não chegou hora de ser exposto.
Eu, então, era uma jovem escritora, novata na arte e neófita nesta forma de criação. Estava começando a entender sobre a nudez que ele revelava em seus escritos e nem sempre era a nudez dele que se revelava. Tempos depois lhe perguntei por que escrevia, respondeu “Porque a vida, este mundo, não são flores. Mas escrevo sobre elas.” Mesmo compreendendo como era ser escritor de seu ponto de vista, nada aprendi com ele, nada ele me passou de inspiração.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Mais um trecho de algo a mais que escrevi

(Parte Única – As abstrações que serão guardadas na memória)


Nestes dias desta semana achei que estava cansado, possível que estivesse (na verdade sei bem porque estava cansado, era cansaço de te esperar, você quase não apareceu, era cansaço de tanto querer trocar uma palavra contigo; eu não tenho paciência, venha e vamos logo! E o fato de você ir, esse desligar tão rápido me incomoda, se estivesse com você e fossemos juntos e nos desligássemos juntos seria um prazer maior! Vem ouvir esse jazz incessante comigo, vem.). Agora, neste momento, sei que não estou mais e estou bem desperto às possibilidades que me dou. Ninguém pode dar possibilidade a mim, sou eu que as concebo; fracassadas ou acertadas, são todas de minha autoria. Nesta hora e nas que seguem não há nenhuma outra afável companhia de olhos bem abertos para a luz da lâmpada que retarda a entrança para o mundo de dentro. Fico olhando o fora, quero flutuar, nem sinto meus pés no chão. Quero estar atento, mesmo atordoado. É por isso que vivo a madrugada. Nesta hora que muitos descansam seus corpos em cama não há nada que eles me darão. Dou a mim meus anseios, são tantos, são vários, há muito que se viver, fico desperto à isso enquanto outros se recolhem seus leitos. E a noite bota o cotidiano para descansar em sua ignomínia para sonhos hipócritas que partirão para a simples recordação em uma memória estufada de irreversibilidade.
Descobri alguns segundos atrás que não é cansaço, mas sim uma preguiça atordoante. (Assim conclui em sua ausência. Você sempre vai tão ligeiramente e nunca é certo quando volta. E você se foi novamente.)
Eu estou tentando não ficar cansado, eu realmente estou. Mas somente o jazz me mantém animado, a qualquer momento que o ouça. Porém ele está longe do que eu queria. Está mais próximo de um entorpecente do que da certeza da vida. É o jazz que eu ouço, é o meu jazz que fica entre o meio termo entre a conformação e a revolta, ainda longe da vida nas ruas com os amigos. Não tem me trazido nada além da curtição sonora que me leva a escrever vez em quando. E isto não alivia o tédio. Isto não tem trazido absoltamente nada, assim como o vicio não traz nada ao drogado. Aí é fácil se cansar como alguém que tomou um baque daqueles de ficar horas largado ao chão. O fato é que tenho odiado ficar cansado. Sem agitação. Sem paqueras. Sem as ruas. Sem os amigos. E só em meu lugar a ouvir o jazz, somente o jazz para me fazer esquecer o porre que é estar quieto em meu lugar. O porre que tem sido não haver uma banda nova na cidade, alguma que mandasse as bandinhas de hobby e seu roquinho baba de quiabo às favas, para ressurgirem metais & sopros embriagantes. Sim, creio que a falta de jazz nestes cantos tem me desanimado. E o cansaço não se vai com desabafos.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Canto do Orgulho

Estou orgulhoso do amor
não do meu amor
Mas de todos os amores
de todas as nuvens
e da luz que por elas penetram
e aquece os corações
que da terra se elevam aos céus

Estou saciado pelo prazer
não do meu prazer
Mas o de todos
que a cada dia abraçam novos e velhos companheiros
Como sempre se conhecessem
Como se sempre tivessem os corpos unidos

Então sorrio
não só pra ti
Mas para todas e pra mim
para dizer com sinceridade
que vivo e amo
a terra em nosso corpos
e os céus, para aonde além iremos

Apego

Quero ser livre
andar por aí
até te encontrar
e ter você em meus braços

Não quero deixar nada para trás
nem você
Não quero ver novas velharias
basta ver você
Não quero fugir
quero pegar tua mão e sair gritando por aí
Não quero uma nova vida
quero é a nossa

Entretanto te amar não foi o bastante
Deste ponto em diante todo o sacrifício perde seu sentido
neste suicídio
Não há muletas que me sustentem
só você