quarta-feira, 30 de abril de 2008

30 de abril

Se soubesse exatamente, se pudesse descrever sem incertezas esse sentimento de esperar pelo Sol saberia certamente quem sou; precisamente não seria mais contraditório, estaria decidido a sentir racionalmente e dormir toda noite prá sonhar confiante. Não seria quem sou... Não haveria mistério que eu mesmo invento pr'essa vida, o vento outonal de fins de abril não me faria nostálgico e muito menos apreciaria todo o azul, branco, amarelo, laranja e rosa do Céu, nem sua limpidez estelar em que briha a Lua. Eu não escreveria como sou.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

O que mais direi sobre o Amor ?? (E a Paixão ??)

Uma década pra voltar quatro
Uma vez sonhei, hoje grito: Liberdade, liberdade !!
Com a ciência de que não há razão pra amar
No sonho de amar como bem entendi
Paradoxal como vivi: distraído na contemplação me esqueci de compreender


O fato é que por mais terrível que seja expressar o Amor em versos livres eu não pretendo mais divagar sobre o que há de interior e fechado, até mesmo sepultado, em nós, isso já fiz por uma década (variando em intervalos que não havia nada a sentir ou dizer).
Hoje seria interessante ver como essa energia se dissipa em desejos, afagos, dores, prazeres, choros, raivas, desesperos, suicídios, se alimenta mais e mais quando recíproca. Não quero mais saber como ele se dá da forma mais romântica possível (prá isso você pode ler Florbela Espanca).
Entender como isso vai se fundindo ao quotidiano enquanto tenta ser extraordinário, como ele luta pra viver consumindo todos outros sentidos.
Nunca mais separá-lo da Paixão. Prazeres alimentados por perfumes, lambidas, chupadas, olhos nos olhos ou nas formas curvilíneas, tato, contato, penetração, gemidos. Fome de volúpia que também consome todos os sentidos.
Não há motivo pra separá-los. Ambos consomem, mas quando juntos fazem um banquete interminável.
Ao amor romântico foram feitos os sonetos. Agora é hora da liberdade de quando amei do meu modo. Daí porque não escrever em versos.
Mas há sempre questões não resolvidas. Essas não lhes conto, pois as respostas são só minhas desde que as procuro em mim.
Daí o porquê ainda escrevo poemas sobre o Amor e como meu tentou ser ideal, e assim se acorrentou, ele tanta ser livre nos versos.


A vida não é escola
Não há lição no amor
Mas se aprende com a dor
Pra se distrair no prazer

sábado, 12 de abril de 2008

"Bálsamo"

"Amar por amar nunca foi uma verdade.
Mas não esperava nada além de sentir... Não minto !!
Sentir e afirmar que amo !!
Sentir é pouco para o amor."


Do meu modo amei
Já não recordo tantos sonhos que pretendia viver
Quando ofegava medroso diante a fatalidade
Do mundo que me impõe como sentir
Amei, sim amei, amei muito
Além do mero sentir
Além de uma atração vulgar
Mas convencido de ser humano, caí em mentiras
Fraquejei ao espancar o muro
Tudo o que seria, o que nunca aconteceu
Fica na memória pesando cada palavra
Sufocando a cada lembrança
Não é pra isso que se ama
Não se sabe porque se ama !!
Desisto hoje disso tudo
Antes jamais desistiria

As dores são cada vez mais suportáveis
Mesmo que intensificadas em uma década
Não pedi pra amadurecer
E quando percebi já estava carregando arqueado as pedras que me jogaram
Amaldiçoei cada um que desejava sutilmente minha nulidade
Mas derrotados, todos acabam
Caídos num solo infértil
Regamos a teimosia com arrependimentos liquefeitos
Implorando pra que algum bálsamo milagrosamente brotasse

Hoje sento calmo e espreguiço o corpo em melancolia
O pesar da consciência entorta o pescoço a ponto de quebrá-lo
Nesse ato inevitável, sem sentido algum, volto ao que assim o foi
E somente levanto sem ambição
Para pensar mais e mais na fixação do andar num chão há muito compactado
Nem tudo é como quero, mas por milagre uma erva sempre nasce
Quantas cultivei com paixão
Que ao menor sinal de seca desesperava para dá-las mais vida
Era pra ser feliz assim
Numa eternidade fui, noutra tudo murchou

Sentimentos, todos encontraram meu coração
Desejos, nunca se apagaram
Surpresas vêem quando ouso cruzar aquela esquina
E vão nos giros do mundo
Agonias preenchem o vazio dos instantes
Amo todas as pessoas interessantes
Paixões se consomem em semanas
Mas estou tranqüilo
Vivendo a dádiva do presente intensificado pelo envelhecido e amargo passado
Enquanto o coração permanece cativo em minhas sombras

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Dois poemas, na madrugada mais uma vez, sobre poesia

Sobre o Poeta

A Lágrima sutil
Pela face passa
Até os sulcos da palma
Onde assume várias formas.
O Poeta a admira
E imagina confissões passadas.
Enquanto divaga ela se esvai;
O Poeta não sabe como mantê-la,
Resta imaginá-la

( Dezembro de 2006 )

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Sobre o Eu de forma poética

Flutuante, mas não expansível como o ar.
Quando fixo pés na terra penetro até sua parte mais dura.
Olho com paixão os céus que traz o vento nostálgico.
Quero estar lá mais uma vez ( sempre é uma palavra difícil ).
Será que os amantes sentiram isso ??
"Faça-me flutuar" é minha oração.
Será que ouviram ??
Mas o coração pertence ao que insiste em continuar aqui.
Eu, plantado sem dar frutos
E o vento não me levará nada.
Pela eternidade ?? ( cabisbaixo coço a cabeça )
Não, pela existência de sentimentos sepultados
Sem nunca ( engulo seco ) descansarem em paz.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Travessia

Passo por uma porta me arrastando
Deixo pra trás muita coisa que não queria
Diante de uma barreira sempre invisível e atravessadiça
Que impede que se leve toda uma existência realizada
O inconsciente passa livremente, também os devaneios e ecos passados
Sei que outra porta será trancada, ouço o som lento e dramático
Rangendo e BLAM !!
Sigo com o olhar para trás, querendo abrir mais e mais portas
Correndo feito um insano pra dar de cara com mais um acesso à algo que não sei
Acelero, passo correndo sem saber ao certo o que era
E dou de cara com uma barreira intransponível !!
Despenco ao chão
Tenho que lembrar
Tenho que saber
Tenho que acordar
Caio em sonho só por sonhar
Sigo. Mais um caminho se revelou