quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Trecho das Crônicas de um Coração Caótico

Chego mais perto de entender como a beleza das pessoas acabam se perdendo, assim como a minha também corre o risco de esvair e certamente ela me abandona. Todos os acidentes do cotidiano, ou talvez de só uma tarde de domingo. É frágil a beleza, ela pode ser desgastada rapidamente quando manifesta nos lugares errados, por isso ela vive tímida, o que acaba a definhando. E, céus, como é difícil observá-la e compreendê-la!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Prólogo sobre o movimento

Minha caligrafia não é perfeita
Todos meus amores, apesar de suas belas letras, não escrevem por linhas retas
Minhas narrativas fluem de mim, nem todos as verão como texto conciso
De fato não é
Alguns se assustam e nada farei, pois apesar de crerem que algo devo reparar, sei que apenas é assim
Posso ser sincero e dizer sobre como nos tempos de hoje coisas boas vem em tempos estranhos
E admitir o quanto fragmentado nosso viver é nos deixa mais próximo de uma beleza antes imperceptível
Assim cresce o mais nato desejo pela beleza
Assim é o meu deleite: o prazer que só a beleza dos atos traz

sábado, 27 de agosto de 2011

Despertares

Acordei prum dia que não pede mais mansidão. Tu esbofeteaste o marasmo que me enrolava os sentimentos. Tu não me fazes mais atrasar. Tu fazes sair palavras de mim, mesmo sem fôlego. Tu fazes te querer, te gostar, te envolver, te beijar.
E acordo cedo, porque a noite depressa se foi e o dia chegou, neste tempo horas sem ti se passaram. Acordo agitado querendo a certeza que tu me queres sem receio e por mais um dia ter a felicidade contigo.

Me fazes sorrir, me fazes bem, mesmo tu estando mal. Pois o mal é contigo, é medo. E lhe digo para não vacilar, para não temer, para acreditar. Tinha o pé atrás, uma covardia, tu não o tenhas, tu és coragem! E caso inevitável seja a dor, ela virá depois das coisas belas, apenas um espinho entre tantas flores cultivadas por nosso bem querer. Vamos, que todo este carinho vale a pena!

. . .

O coração aperta quando sabe que a beleza que tentou furtar se foi.
Desespera quando descobre que realmente esta beleza nunca lhe pertenceu.
O coração quer devorar, ele fica egoísta quando o mundo gira somente a dois.
A beleza se perde no ato de desejar ser comida.
E se eu desejar tua pele, tuas coxas, teus seios, tua boca, teu olhar, teu gozo e teus cabelos? E se eu os quiser pra mim? Nada terei.
Posso, sim, é apreciar cada coisa bela que há em ti. E retribuir o carinho em tua pele, tuas coxas, teus seios, tua boca, teu olhar, teu gozo e teus cabelos.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cenas depois de um útero semeado

Cena 1
Deitado na cama de olhos para o teto branco você surge do canto de minha visão. Milhares de fios negros, de certa leveza mesmo molhados de suor, soltos ao redor de sua cabeça a esconder sua face. Ainda não vi seus olhos, sei que estão fechados, você permanece em cima de mim cabisbaixa, sei que está rubra, sinto você ofegar. Num ato brusco empina a cabeça jogando todo o negro para traz, vejo seus seios seguirem o movimento de seu tronco e suas costelas expostas revelando uma nudez mais profunda. Lambe seus lábios carmim e vira os olhos hipnotizados diretamente para os meus. E sorri com todos os dentes. Abaixa a cabeça próxima a minha, seus fios envolvem nosso olhar em um túnel de fios com feixes de luz entre eles. Permanece sorrindo com os lábios cada vez mais esticados, eles são carmim, suas bochechas são rubras e o resto de seu rosto é pálido. É tudo vermelho e branco numa sala negra com alguma luz passando pela fresta da janela, revelando aos poucos (é preciso ter pupilas bem dilatadas para ver) a beleza que há: é assim que lhe vejo.

ERRATAS

ERRATA (1): O que anteriormente chamava de amor, na verdade, era desejo. Assim fica corrigido. Onde vocês anteriormente leram amor, eu dizia desejo.

ERRATA (2): O que anteriormente chamava de sonho, na verdade, era imaginação. Assim fica corrigido. Onde vocês anteriormente leram sonho, eu dizia imaginação.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Uma antiga conversa

Há algo de errado aqui e ali, quase em todo lugar!
- Ah, meu caro, sempre há!
E há algo estranho quando acordo, caio da cama, perco o sono, penso nela e no mundo
- Certamente você nunca amaste e nem estás apaixonado...
Abandonei tanta coisa. Poderia ser uma vida bem sucedida cujos muitos ambicionam
- Não serias, não te enganes, és poeta!
E sobre travar diálogos internos: ainda não defini se é loucura ou mera prepotência
- Aí reside a arte, meu caro!
Ela é maldita, né?
- Nem devias perguntar, já sabes bem o que é belo
A nudez...