sexta-feira, 30 de maio de 2008

Margeando o Maelstrom

Há tempos não me vem a poesia
Racionalmente não vejo sua face
Meu coração está caducando
Poucos chegam a minha porta para uma visita
Nunca mais outrem adentrou nesta morada
Onde a sina é seguir minha via e mergulhar
Ao ouvir e ler outras vidas
Interiormente já estou à beira
Enquanto retomo mais um pouco de fôlego
Admiro tudo o que fui e a ânsia de ser
Encostado no conforto de um batente
No artístico esforço de se apaixonar

sábado, 17 de maio de 2008

O artifício de escrever

Escrever; escrever, escrever. Mostra-se inútil, mas não fútil.
Escrever é trabalhoso, horas demasiado, horas penoso, nem sempre preciso, sempre um (des)prazer. Seria melhor se as palavras saíssem de minha cabeça, direto pra quem as queira ler.
Categorizar é o mais terrível: vai pro blog ou deixo na pasta de textos impublicados ou impublicáveis ??. Uma autopunição burocrática por não ser bom com as palavras. Pra dizer que realmente me dou com elas tenho que fazer esse trabalho hercúleo. Sísifo ri ironicamente de minha sina, mas só até sentir as dores nas costas; dor que compartilho porque isso além de inútil me deixa corcunda. Agora ri o monge copista, mas só até se lembrar de sua artrite especialmente inflamada numa manhã fria, e também sei que dor é essa.
E depois quero saber opiniões de gente que nem leu!! Ou de quem nem imagina do esforço que foi, falo das dores que senti e vivi, pra depois me saírem em palavras mal expressadas. O veredicto, no qual me julgo como se já soubesse a opinião dos outros sem eles me conhecerem, é: escrevendo assim aonde quer chegar ?? (claro que tinha que sair como um questionamento). Besteira que tenho abandonado: julgar não é virtude, auto-julgamento é burrice.
Como não sei bem o que fazer ou como seguir com este hábito de escrever, o que o faz inútil, acabo mantendo-o sem grandes ambições. Mas tem amigos que me dizem que melhorei a escrita e isso me motiva, nada mais; salvo raras exceções poéticas em que sinto que tenho, não sei bem porque (talvez saiba, mas tenho que manter o “mistério”, e tenho que manter o “oculto” em mim), expressar com palavras nem sempre escritas, mas tem saído coisas impressas. Acho que é porque não sei fazer música e o desenho já até abandonei, disso me arrependo muito. De continuar escrevendo ainda não.
Castigo as palavras, sim. Me perdoem. Não as amo, não as odeio. São minhas muletas, como disse Schopenhauer. Mas não as são para meus pensamentos, são para não me arrastar nessa passagem pela vida.


P.S.: Hmmmm.... O texto acabou na pasta do blog, evidente, já que foi publicado. Mas não fiz esse Post Scriptum pra lhes informar isso, mas pra lhes confessar, e recomendar, que tudo foi escrito ao som o David Bowie na sua fase Berlim, um bom som pra escrever quando ouvido alto, e não é a primeira vez que faço isso.

domingo, 11 de maio de 2008

Despertar

Era a adolescência brotando nas espinhas
e a paixão no coração
enfiando o pé na lama, graciosamente.
Nada inocente nos sonhos com rosas
vermelhas de sangue deflorado.
O gozo era puro de prazer.
Ofegar era o prêmio da intensidade.
Medo é pra se aprender sobre insanidade,
quando tudo se esvai; cedo ou tarde algo vai.
Inexperiência expressa nos olhos é a timidez de mergulhar no outro.
Quando se descobre quem se é e quem se ama, o tudo é nada.
E se dorme em si mesmo
prá despertar o amor.