sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Violentando

Você vem aqui e fode violentamente comigo toda noite. Depois me deixa jogada no chão, toda gozada e impregnada do seu cheiro. Eu não gosto disso! No entanto estou toda aqui, entregue quando você quiser vir...
Imediatamente ele interrompe, a dizer:
Te foder!? Não deixo de admitir que o que fazemos é de um ânimo extremo e que metemos muito bem, com pujança sem igual! Mas isso não é o bastante! Pelo jeito que mal lhe trato quando transamos, não é bastante para sempre nos encontrarmos e sempre fodermos com gozo cada vez maior. Esse nosso jeito de gozar, o quanto somos animais quando gozamos, sempre é mais intenso, acho que nem vem do jeito violento pelo qual nos agarramos e metemos! Vem da sua beleza! Você é terrivelmente bela para deixar de te foder toda noite! Não tem como eu escapar de sua beleza e é muito mais sua presença que o modo como geme, seu contorcionismo, balanço ou seu orgasmo! É algo que sinto o dever de fazer com toda a minha força física, é um impulso de querer gozar contigo, de querer se entregar à nossa transa que a única forma de me entregar totalmente é com vigor físico! E ficamos cada vez mais possantes nesse nosso amor! Ou mesmo que não seja amor, eu não abrirei mão de você ou dessa nossa relação violenta!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Diálogo na porta de um bar na madrugada

-Talvez estejam exclusivamente preocupados com suas vidas. Você sabe que tô falando do focinho de cada um como sendo sua mais sincera preocupação.

-Pode ser que estejam preocupados consigo mesmo pelo senso de preservação, a coragem não cabe a todos, meu caro. O que me preocupa é o fato desta preocupação consigo ser dum egoísmo manifesto no sistema. Eles não estão nada além da perpetuação do status quo.

-Isto das consciências emergirem, de consciências transarem, de consciências se fundirem, de consciências andarem livre leves e soltas interferindo umas nas outras; bem, isso mais destruirá...

-... A principio sim. E haverá transformação. Será algo muito belo.

-As pessoas fugirão! E o resto do mundo nem se interessará!

-Precisamos de artistas. Não de pessoas que fujam, desconheçam ou finjam desconhecer as tantas facetas humanas, sejam lhes interiores e exteriores. As criadas pela beleza, as criadas pela destruição. A arte comporta tudo dentro de seu ato de criação.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Mais uma divagação no caderninho do desassossego

Divagação por nada

De certa forma estragado e gasto pela realidade criada entre estes dois últimos séculos.
Tropecei quando tentei observar o mundo, no momento que ficou como um devaneio.
Agora está claro que a hora do descanso é somente na hora de dormir e o verdadeiro sono vem só depois da morte.
Logo o etéreo ficou uma coisa alhures.
Custou a perceber que a fragilidade da fantasia é a expressão máxima daqueles que ressentem a nudez.
E doeu.
Mas agora as coisas se desvelam fluentemente quando converso só comigo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Dos tempos de felicidade

Claramente a felicidade não pode durar muito tempo. Se no passado sempre fomos mais felizes que no presente, quando constatamos que somos felizes agora, será então por momento e não será tão perceptível que a felicidade já não é mais a mesma pelo tempo que ainda cremos plenamente nela ou na volta dela; é então que já começa a queda em linha levemente inclinada, mas só a percebemos quando já estamos jogados ao chão.

Durante a queda tudo tem uma face ilusória, para não dizer mágica ou fantasiosa (é assim que vemos tudo quando ainda não percebemos a queda). Temos o começo da queda no momento que estamos cientes que somos felizes há tão pouco tempo que cremos que voltaremos ao estado do qual saímos embriagados; sutil ilusão, a felicidade é um momento, o que dura depois é ilusão sob o nome de nostalgia. A felicidade plena é como um raio, e só a percebemos quando ouvimos o trovão, depois disso é somente a espera por outra luz (ou flash) no meio do temporal da vida.

Ah, as sutilezas que vivemos, sem perceber que a tempestade está cada vez mais furiosa. Pequenas distrações e efemeridades que não me fizeram crer na emergência do nefasto temporal. Esse clima de tempo fechando era presente em intervalos regulares, mas depois vinha certo alívio de saber que a nuvem negra não aprecia tão fatal, mesmo com o aumento de sua forma ameaçadora; era a sensação que estava tudo bem e isso me dava todos os tipos de prazeres: do mais leve alívio, passando para um êxtase até os picos de excitação.

Do sonho ao porre

Cada porre me adoece mais
A mente longe de distorções
É insana ante esta realidade a ser mudada
Que anda como lesma e seu rastro pegajoso nos prendem
Distrai nossas vidas a não se importarem
Então nada mais precisa mudar, pois é festa!

Estou doente e a cada porre eu pioro
Não consigo fingir que não existem tanta coisa insuportável
Quero o mundo de meus sonhos agora!
Machismos, mulheres sendo comidas, corpos intocados dançam frenéticos
Separam o amor do sexo, as mulheres não gozam e sentem-se dominadoras de mentes masculinas que no subterfúgio da sedução mantém seus vícios
Ainda somo medievais, poeta do roquenrou! E sem piedade!

Cada porre e minha mente está se despedaçando, parece morte mas não é
Ela se fragmenta e eu vou entregando os estilhaços e esquecendo tudo que sonhei
Este mundo é o que existe, mas eu quero aquele outro!
Sempre me lembro disto e adoeço mais ao ver que já na madrugada o mundo ainda é o mesmo
Eu, por um breve momento, esqueci o sonho para viver o porre.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Distraído pelo jazz

Sim, é isto mesmo que só o jazz e mais nada, nem alguém, faz comigo. Isto não tem nome. São umas sensações meio ansiosas, meio embriagadas, devaneios transgridem e uma vibração acomete o peito deixando os sentidos atordoados.
Logo começo a ficar tão lúcido, pois sei muito bem o que cada instrumento está falando. Não há mais nada se não estas vozes. Estou bem desperto para o que tem a falar.
Nenhuma outra voz foi tão clara e sincera quanta esta que em seu sopro não atinge direto meus ouvidos para me conquistar. E sim vibra por todo o ar, envolvendo toda minha pele arrepiada no pulsar do coração desta canção.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Das crônicas dos jovens escritores

Ele sentou no sofá segurando uma lata de cerveja. Cruzou as pernas e bem acomodado soltou o corpo se afundando entre as almofadas. Permaneceu deste modo e seu olhar fixo em um ponto que só existia em sua imaginação. Entre um gole e outra levantava uma das mãos e suavemente mexia os dedos lentos. Em um movimento levantou-se sem se preocupar que me assustou e disse “Preciso escrever”. Já sabia onde guardava as folhas e canetas (na aposentada escrivaninha ao lado do sofá), abriu a gaveta, pegou o que precisava e foi até o parapeito da janela para se apoiar em pé e finalmente olhar fixamente o papel todo branco enquanto rodopiava a caneta entre os dedos esperando o momento certo de abri-la e deixar tudo escorrer de sua imaginação manchando o branco como se fosse um pintor.
Não tardou a escrever sem cessar. É tão belo esse impulso criativo e tão dele que não conseguia me aproximar e até evitava olhar porque, quando fazia, ficava tão inquieta quanto ele. Em um par de minutos preencheu toda a folha com inúmeras linhas azuis espremidas quase caóticas. Preenchida toda a primeira folha ele a dobra até caber no bolso do paletó e lá a deixa repousar por toda a noite, até tirar a vestimenta em seu quarto.
Tão curiosa e atraída (já não por ele, mas sim pelo mistério que era aquela folha toda marcada de tinta) pergunto se posso ler seu mais novo escrito, levo um arrogante “Ainda não, logo publicarei” e o dito não me surpreende, pois a contragosto percebi que era vã a vontade de ver algo que ainda não chegou hora de ser exposto.
Eu, então, era uma jovem escritora, novata na arte e neófita nesta forma de criação. Estava começando a entender sobre a nudez que ele revelava em seus escritos e nem sempre era a nudez dele que se revelava. Tempos depois lhe perguntei por que escrevia, respondeu “Porque a vida, este mundo, não são flores. Mas escrevo sobre elas.” Mesmo compreendendo como era ser escritor de seu ponto de vista, nada aprendi com ele, nada ele me passou de inspiração.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Mais um trecho de algo a mais que escrevi

(Parte Única – As abstrações que serão guardadas na memória)


Nestes dias desta semana achei que estava cansado, possível que estivesse (na verdade sei bem porque estava cansado, era cansaço de te esperar, você quase não apareceu, era cansaço de tanto querer trocar uma palavra contigo; eu não tenho paciência, venha e vamos logo! E o fato de você ir, esse desligar tão rápido me incomoda, se estivesse com você e fossemos juntos e nos desligássemos juntos seria um prazer maior! Vem ouvir esse jazz incessante comigo, vem.). Agora, neste momento, sei que não estou mais e estou bem desperto às possibilidades que me dou. Ninguém pode dar possibilidade a mim, sou eu que as concebo; fracassadas ou acertadas, são todas de minha autoria. Nesta hora e nas que seguem não há nenhuma outra afável companhia de olhos bem abertos para a luz da lâmpada que retarda a entrança para o mundo de dentro. Fico olhando o fora, quero flutuar, nem sinto meus pés no chão. Quero estar atento, mesmo atordoado. É por isso que vivo a madrugada. Nesta hora que muitos descansam seus corpos em cama não há nada que eles me darão. Dou a mim meus anseios, são tantos, são vários, há muito que se viver, fico desperto à isso enquanto outros se recolhem seus leitos. E a noite bota o cotidiano para descansar em sua ignomínia para sonhos hipócritas que partirão para a simples recordação em uma memória estufada de irreversibilidade.
Descobri alguns segundos atrás que não é cansaço, mas sim uma preguiça atordoante. (Assim conclui em sua ausência. Você sempre vai tão ligeiramente e nunca é certo quando volta. E você se foi novamente.)
Eu estou tentando não ficar cansado, eu realmente estou. Mas somente o jazz me mantém animado, a qualquer momento que o ouça. Porém ele está longe do que eu queria. Está mais próximo de um entorpecente do que da certeza da vida. É o jazz que eu ouço, é o meu jazz que fica entre o meio termo entre a conformação e a revolta, ainda longe da vida nas ruas com os amigos. Não tem me trazido nada além da curtição sonora que me leva a escrever vez em quando. E isto não alivia o tédio. Isto não tem trazido absoltamente nada, assim como o vicio não traz nada ao drogado. Aí é fácil se cansar como alguém que tomou um baque daqueles de ficar horas largado ao chão. O fato é que tenho odiado ficar cansado. Sem agitação. Sem paqueras. Sem as ruas. Sem os amigos. E só em meu lugar a ouvir o jazz, somente o jazz para me fazer esquecer o porre que é estar quieto em meu lugar. O porre que tem sido não haver uma banda nova na cidade, alguma que mandasse as bandinhas de hobby e seu roquinho baba de quiabo às favas, para ressurgirem metais & sopros embriagantes. Sim, creio que a falta de jazz nestes cantos tem me desanimado. E o cansaço não se vai com desabafos.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Canto do Orgulho

Estou orgulhoso do amor
não do meu amor
Mas de todos os amores
de todas as nuvens
e da luz que por elas penetram
e aquece os corações
que da terra se elevam aos céus

Estou saciado pelo prazer
não do meu prazer
Mas o de todos
que a cada dia abraçam novos e velhos companheiros
Como sempre se conhecessem
Como se sempre tivessem os corpos unidos

Então sorrio
não só pra ti
Mas para todas e pra mim
para dizer com sinceridade
que vivo e amo
a terra em nosso corpos
e os céus, para aonde além iremos

Apego

Quero ser livre
andar por aí
até te encontrar
e ter você em meus braços

Não quero deixar nada para trás
nem você
Não quero ver novas velharias
basta ver você
Não quero fugir
quero pegar tua mão e sair gritando por aí
Não quero uma nova vida
quero é a nossa

Entretanto te amar não foi o bastante
Deste ponto em diante todo o sacrifício perde seu sentido
neste suicídio
Não há muletas que me sustentem
só você

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Trecho das Crônicas de um Coração Caótico

Chego mais perto de entender como a beleza das pessoas acabam se perdendo, assim como a minha também corre o risco de esvair e certamente ela me abandona. Todos os acidentes do cotidiano, ou talvez de só uma tarde de domingo. É frágil a beleza, ela pode ser desgastada rapidamente quando manifesta nos lugares errados, por isso ela vive tímida, o que acaba a definhando. E, céus, como é difícil observá-la e compreendê-la!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Prólogo sobre o movimento

Minha caligrafia não é perfeita
Todos meus amores, apesar de suas belas letras, não escrevem por linhas retas
Minhas narrativas fluem de mim, nem todos as verão como texto conciso
De fato não é
Alguns se assustam e nada farei, pois apesar de crerem que algo devo reparar, sei que apenas é assim
Posso ser sincero e dizer sobre como nos tempos de hoje coisas boas vem em tempos estranhos
E admitir o quanto fragmentado nosso viver é nos deixa mais próximo de uma beleza antes imperceptível
Assim cresce o mais nato desejo pela beleza
Assim é o meu deleite: o prazer que só a beleza dos atos traz

sábado, 27 de agosto de 2011

Despertares

Acordei prum dia que não pede mais mansidão. Tu esbofeteaste o marasmo que me enrolava os sentimentos. Tu não me fazes mais atrasar. Tu fazes sair palavras de mim, mesmo sem fôlego. Tu fazes te querer, te gostar, te envolver, te beijar.
E acordo cedo, porque a noite depressa se foi e o dia chegou, neste tempo horas sem ti se passaram. Acordo agitado querendo a certeza que tu me queres sem receio e por mais um dia ter a felicidade contigo.

Me fazes sorrir, me fazes bem, mesmo tu estando mal. Pois o mal é contigo, é medo. E lhe digo para não vacilar, para não temer, para acreditar. Tinha o pé atrás, uma covardia, tu não o tenhas, tu és coragem! E caso inevitável seja a dor, ela virá depois das coisas belas, apenas um espinho entre tantas flores cultivadas por nosso bem querer. Vamos, que todo este carinho vale a pena!

. . .

O coração aperta quando sabe que a beleza que tentou furtar se foi.
Desespera quando descobre que realmente esta beleza nunca lhe pertenceu.
O coração quer devorar, ele fica egoísta quando o mundo gira somente a dois.
A beleza se perde no ato de desejar ser comida.
E se eu desejar tua pele, tuas coxas, teus seios, tua boca, teu olhar, teu gozo e teus cabelos? E se eu os quiser pra mim? Nada terei.
Posso, sim, é apreciar cada coisa bela que há em ti. E retribuir o carinho em tua pele, tuas coxas, teus seios, tua boca, teu olhar, teu gozo e teus cabelos.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cenas depois de um útero semeado

Cena 1
Deitado na cama de olhos para o teto branco você surge do canto de minha visão. Milhares de fios negros, de certa leveza mesmo molhados de suor, soltos ao redor de sua cabeça a esconder sua face. Ainda não vi seus olhos, sei que estão fechados, você permanece em cima de mim cabisbaixa, sei que está rubra, sinto você ofegar. Num ato brusco empina a cabeça jogando todo o negro para traz, vejo seus seios seguirem o movimento de seu tronco e suas costelas expostas revelando uma nudez mais profunda. Lambe seus lábios carmim e vira os olhos hipnotizados diretamente para os meus. E sorri com todos os dentes. Abaixa a cabeça próxima a minha, seus fios envolvem nosso olhar em um túnel de fios com feixes de luz entre eles. Permanece sorrindo com os lábios cada vez mais esticados, eles são carmim, suas bochechas são rubras e o resto de seu rosto é pálido. É tudo vermelho e branco numa sala negra com alguma luz passando pela fresta da janela, revelando aos poucos (é preciso ter pupilas bem dilatadas para ver) a beleza que há: é assim que lhe vejo.

ERRATAS

ERRATA (1): O que anteriormente chamava de amor, na verdade, era desejo. Assim fica corrigido. Onde vocês anteriormente leram amor, eu dizia desejo.

ERRATA (2): O que anteriormente chamava de sonho, na verdade, era imaginação. Assim fica corrigido. Onde vocês anteriormente leram sonho, eu dizia imaginação.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Uma antiga conversa

Há algo de errado aqui e ali, quase em todo lugar!
- Ah, meu caro, sempre há!
E há algo estranho quando acordo, caio da cama, perco o sono, penso nela e no mundo
- Certamente você nunca amaste e nem estás apaixonado...
Abandonei tanta coisa. Poderia ser uma vida bem sucedida cujos muitos ambicionam
- Não serias, não te enganes, és poeta!
E sobre travar diálogos internos: ainda não defini se é loucura ou mera prepotência
- Aí reside a arte, meu caro!
Ela é maldita, né?
- Nem devias perguntar, já sabes bem o que é belo
A nudez...

domingo, 31 de julho de 2011

Um jogo (que prefiro não jogar)

Este é um futuro que não deveria ser
É o presente de algo que morreu semanas atrás
Mas este fim era anunciado antes mesmo de nos encontrarmos
Quando foi comprado o jogo de sins, nãos e talvezes
Você viciou em palavras com reticências
E neste jogo garotos entram e saem de sua porta
Mas a sala fica abandonada e você em sua cama querendo sonhar mais
Machismo e afins criaram as regras que você tanto gosta, baby
Será devorada até desaparecer, como preza sua fantasia
Gozar o gozo que teu corpo lhe dá, nunca desejou isso com outro
(Seria isto possível ao menos em seus sonhos?)
Sabe que arde, mas nunca é outro que faz teu fogo, pois ele é seu
Mas será apagado quando for comida
Assim como suas irmãs
Tão descabeladas quanto possam sofrer
Seus corações marcados por antigas amarras
Que mesmo soltos ainda sentem a dor
Pra se perderem em afagos cafajestes e palavras baratas
Eu já sei, vocês fingem que não
Logo mais alguns corações serão partidos, que dói na alma
Alma feminina que sabe bem das dores e desejos de sua irmã
São tão belas quando unidas nestes porres mundanos
Mas ver suas lágrimas me dói tanto nestes tempos
Quando não consigo parar de pensar e indagar a vocês:
Quando irão virar esta mesa pra o jogo acabar?

domingo, 26 de junho de 2011

Movimento

Não adianta enraizar, árvores não dançam
Não vou enraizar, árvores não se levam pela brisa
Não adianta enraizar, árvores não fazem sexo com fogo
Não vou me fincar por aqui, neste solo carente de outra cultura

Preciso ir lá. Lá, lá, lá.
Onde chove com Sol & Lua
Onde se canta sem saudade
Onde os gritos dos que amam soam pelas ruas
E se chora sem rancor

Vou lá onde sou rocha e a lava dança nas entranhas
Amolecendo a dureza tragada dos fracassos diários
Me derretendo junto com outros aventureiros
Enrubescendo pelo calor a ponto de explodir
Sempre indo nesse fluxo que move o calor interno, de um lado para outro
Eu irei prá lá e depois tem outro lá também

Preciso ir lá. Lá, lá, lá.
Onde chove com Sol & Lua
Onde se canta sem saudade
Onde os gritos dos que amam soam pelas ruas
E se chora sem rancor

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Escritos de Maio - O Quarto

O Quarto

A conexão entre meu quarto e todo o mundo é a minha cabeça. Ou uma tela iluminando suavemente todos seus cantos: assim se revela a minha situação dentro de meu quarto. Assim é revelado parte de mim, até então imperceptível pela cegante luz branca. Foi a luz azulada e gentil junto da cálida amarela vinda ad rua que revela quem sou, sinto-me aconchegado em mim. E talvez seja assim todos outros quartos, mas cada um revelado peculiarmente: uma transa seria algo interessante, uma noite de insônia ou o choro pela beleza perdida.

Os quartos não pertencem ao mundo, pertencem somente aos seus donos, mas neles encontramos fragmentos da humanidade, da natureza, do universo, dos sentimentos, dos pensamentos, da memória e do vivido, nele crescem sonhos que virão a ser ou serão somente descartados. Ele é o lugar nenhum que muitos antropólogos anunciam, não há função alguma para o mundo a para nós funciona como um novo ventre (a hora do banho também é, depois explico) criado por nós mesmos do jeito que somos.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Childhood came back to me...

Childhood came back to me
And so the misunderstandings of many things I believed in
The silent and curious glare, in what once was old, is new again
Oh, my childhood, you are not lost, nor alone, no more
It is you who shows me who I am when I’m alone and almost lost
I do not miss you, once you are part of this life and what is to come
You have never really had gone like a already read chapter in a book
I do not face you like an afraid man facing a ghost
You are still growing inside me without ever being an adult
Because you are me, right now, and we certainly shall go beyond any age I have

sexta-feira, 25 de março de 2011

"A poesia de estar embriagado"

Se disser isso a um qualquer, perguntaria: que há de poesia nisso?
“Nada!!”
Mas o saxofone que ascende do inferno ao céu passeia livremente por este mundo, com seus acordes que progridem em hipnótica harmonia.
Tem algo que toca a minha essência. Desvendada ao tempo do longo solo e me mostra quão longínqua donde estou.
E aí está a poesia, meu caro cético!!
Aqui estão versos intensos sem propósito além de arrancar uma lasca duma pedra fundamental enterrada em meu alicerce.

Um mundo brota de minha essência, assim: como ele é.
Até chegarem a ti - reais e verbais por definição, com todas as máscaras das palavras enfeitadamente inventivas - se dissolvem e se reestruturam mediadas gramaticalmente, artificialmente, para criarem ilusões encantadoras.

Queria tirar toda a fantasia, desnuda e bela como ti.
Queria tirar essa máscara vomitada, real, sem teu sentimento.
Mas pra que?
Se isto não pode ver
E acaba por ver outra coisa quando sair de dentro de mim.
Mas de lá sempre imploram para saírem
No instante que correm por milhões de neurônios
E quando o sangue se inquieta no pulso do coração inconstante

Tenho que lhe dizer
Ou podemos ficar mudos e envergonhados de nosso ser
Sem expressão
Ou
Quem se apaixonaria por tais mentiras?
Quando se pode a qualquer lugar se banhar em verdades?

A andança pelo mundo nunca te dirá o que queres ouvir, mas marcará sua alma profundamente ao ponto de o caminho por ela percorrido ser infinito.

(E tudo ao som de Coltrane)

quarta-feira, 23 de março de 2011

A fast, passionate, poem

If there's sparkles in their eyes
If there's fire in their hearts
Their mouths shall melt
Their bodies twist and roll
And the ecstasy bursts

terça-feira, 22 de março de 2011

Depois do domingo

Depois que o futebol do domingo acabar
O que vem à cabeça quando já for tarde da noite: é a hora de dormir!
Porque é extenuante o sagrado dia do descanso
Mesmo quando o próximo dia virá naturalmente
E assim será para todos seus colegas que falarão sobre o jogo de ontem
Enquanto ignoram (ou escondem) as verdades contidas no jogo maior que o futuro traz
E esse jogo já estará perdido apenas em algumas horas de vida
Lembro-me dos jogos que fingimos não competir
Enquanto vemos programas de auditório e algo patrocinado pelo dinheiro

Chegamos a nos perguntarmos sobre a real de toda a cena mainstream?
Qual é a canção que ouvirão do rádio? Será ela a voz de uma geração?
Ninguém grita a plenos pulmões e assim todos perderão a voz

O que será do sangue quando se empedra ao ouvir um tabu?
É um zeitgeist perdido numa era que nem a mente afiada compreende
Sim, meus queirdos, o mundo nunca parou e isso não é motivo para a ignorância
Então, para melhor, damos um tempo para esquecemos de produzir valores se queremos a liberdade factual

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Tempo

Tempos brutos
Que me obrigam a recuperar a sensibilidade perdida
Por uma cabeça cotidianamente fervente
Próxima a explodir por qualquer faísca

Sensibilidade abandonada é assim: o amor se foi
Em meio destes modos recrudescidos pela necessidade de mais e mais
Diante das incertezas por muito ocultas nas verdades reconfortantes

E passa-se o tempo solitário

Amigos cabisbaixos também perecem sem suas repostas
Eram questões que preferia não perguntar
Mas a coragem nos leva para outras estradas
Assim nos reencontramos
Em meio ao fogo dos desejos
Em meio à desolação do inalcançado
Em meio ao drama do fim
Em meio do insensível

E ela volta?

Desde que eu a encontre, mas...