segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O Velho

O casaco preto do velho, tecido grosseiro
Conduz o andar seco
De suas pernas mancas dos tropeços vividos
Em abotuaduras detalhes estão cravados
Como em sua face, enrugada de tanto amar
Vai em descompasso
Sentar-se num banco
Rogar a correria da vida preterida
Velho,
Merece o descanso
No tempo que lhe resta

Nessa praça, onde todos param
Em sua silhueta absorta, imóvel
Assenta uma mariposa branca
Uma pomba, por um grã amarelo, suja seu pé
No outro canto do banco ninguém mais
Além de sua juventude
De terno e rosto suado
Espírito de quem ainda corre
Ressurge o vigor em cansados olhos
Músculos secos e ossos quebradiços
Exalam sua última vontade
Na boca trêmula, suspira: o tempo

3 comentários:

Bárbara Lemos disse...

Moço, moço.. às vezes me sinto mais velha que o velho da tua história. Muitas marcas, muitos arranhões, muitas dores, muitas histórias, muita coisa pra uma pessoa só...

Bárbara Lemos disse...

Ele não está tão velho quanto você pensou ou eu não sou tão nova quanto você pensa? Risos.

Está aí algo a se pensar!

Anônimo disse...

Paul... E se o velho em questão gostar de Doors?

Isso muda o foco da coisa, não?

Beijos, querido!