Prólogo ao Fim da Infância (uma apresentação geral em forma de poema)
No fim da infância era tudo mais simples,
todos já sabiam que havia um mundo a encarar, regras que haveriam de ser seguidas,
noites sendo vividas à luz e à sombra, havia entorpecentes e prazeres fartos
e tantos deuses encarnados e somente um para não crer em fé
assim, não havia quem dissesse o que ser feito
e a liberdade era tão primitiva...
Sobre as mentiras (ouvidas na infância): A voz do cão sob este sistema de Babilônia
Sobre o relógio nosso de cada dia
Não, meu filho. O dia não tem 24 horas. E aquele seriado também não. Medir a natureza com instrumentação tão abstrata nunca revela verdade alguma: são só as leis humanas sobre uma idealização cotidiana, para fim de sustentá-la em sua árdua tarefa do trabalho – haja vista que é ilusão e o rico só sua quando corre no seu cúper. Nos fins, para deixar entendido, fica esclarecido que só a natureza sabe quanto tempo tem, terá e teve; então eu também não sei quantas horas tem o dia, mas sei que horas são.
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