sexta-feira, 25 de março de 2011

"A poesia de estar embriagado"

Se disser isso a um qualquer, perguntaria: que há de poesia nisso?
“Nada!!”
Mas o saxofone que ascende do inferno ao céu passeia livremente por este mundo, com seus acordes que progridem em hipnótica harmonia.
Tem algo que toca a minha essência. Desvendada ao tempo do longo solo e me mostra quão longínqua donde estou.
E aí está a poesia, meu caro cético!!
Aqui estão versos intensos sem propósito além de arrancar uma lasca duma pedra fundamental enterrada em meu alicerce.

Um mundo brota de minha essência, assim: como ele é.
Até chegarem a ti - reais e verbais por definição, com todas as máscaras das palavras enfeitadamente inventivas - se dissolvem e se reestruturam mediadas gramaticalmente, artificialmente, para criarem ilusões encantadoras.

Queria tirar toda a fantasia, desnuda e bela como ti.
Queria tirar essa máscara vomitada, real, sem teu sentimento.
Mas pra que?
Se isto não pode ver
E acaba por ver outra coisa quando sair de dentro de mim.
Mas de lá sempre imploram para saírem
No instante que correm por milhões de neurônios
E quando o sangue se inquieta no pulso do coração inconstante

Tenho que lhe dizer
Ou podemos ficar mudos e envergonhados de nosso ser
Sem expressão
Ou
Quem se apaixonaria por tais mentiras?
Quando se pode a qualquer lugar se banhar em verdades?

A andança pelo mundo nunca te dirá o que queres ouvir, mas marcará sua alma profundamente ao ponto de o caminho por ela percorrido ser infinito.

(E tudo ao som de Coltrane)

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