sexta-feira, 9 de março de 2012

A contragosto

Engoliu o sêmen sem sede, enquanto o útero de seus largos quadris era reservado à semente de um homem inexistente. Como a casta virgem pretende agir, mas faz de tudo por seu prazer, sempre reserva seu ventre ao divino invisível num mundo de profanos. E que tesão isto lhe consome! Então aprendeu a sofrer, pois os homens a desejam. Assim ela suspira com o fogo, labareda dançante a provocar. Mas logo tudo se apagará quando perceber que o homem de seu sonho é invisível. Poderá ser aquele a possuí-la também possuído pelo divino ato profano de seus sonhos eróticos?

Mulher, que fizeram contigo? Que merda de educação deram a ti? Donde aprendeste tanta submissão na fragilidade? Porque esperar tanto pelo inexistente e negar o que pode ter às mãos se lutares? E pra quê novamente projetar todo seu desejo em uma paixão momentânea como se fosse eterna? Esse seu desejo, ouso dizer mesmo não sendo mulher, parece ser a contragosto... Vai engolir e vomitar amores mal-fadados, acabarás por ter que suportar o cheiro e gosto de sêmens jamais escolhidos por teu corpo. É assim que viverás a contragosto de tua liberdade?

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