terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Cena das coisas jogadas foras

Por entre amontoados de coisas de todos os tipos, consideradas inúteis por aqueles que sempre compram mais, a criança passeava tentado catar pedaços para criar seu brinquedo.
Como ela queria escalar aquelas montanhas de tanta coisa junta! Mas nunca eram sólidas o bastante e eram tão frágeis quanto o sentimento daqueles a despejarem mais e mais objetos para formar um mundo poluído onde seus pais tiravam o sustento.
À noite todos dormiam no barraco e não raro baratas zanzavam perdidas pelos corpos fatigados tentando descansarem deitados no chão. As baratas também passeavam por todo tipo de coisa, de fato não havia algo que elas não tivessem tocado suas patas.
A criança viajava, era um devaneio, ao imaginar o que tais seres já viram dentro daquelas pilhas de tanta coisa que ela jamais poderia ter contato, ao menos se jogasse no meio daqueles montes e virasse mais uma coisa no meio de tantas outras para tudo ficar perdido para sempre e viver eternamente com o que foi esquecido, apesar dela ser tão ignorada quanto tudo que foi jogado fora, sendo somente visitada pelas colegas cascudas.

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