segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Como não é uma ficção, não tem título

Estou em casa calmo, digo, entediado imaginando o que pode haver lá fora. Abro a janela do quarto me distraindo com a luz vermelha em cima dum prédio que quando criança sonhava estar cercado, mas hoje observo a novidade surpreso (penso que diabos um prédio por aqui). Então olho o asfalto, pois o que há de importante nesse ainda esqueleto de concreto ?? Nada... Mas o asfalto está quase seco pelo vento frio e não tenho meu cenário urbano favorito, os postes estão iluminando inutilmente uma tela preta... Pobres desses corcundas solitários que não agüentam o peso da luz e se curvam um pouco tentando ser úteis mostrando a rua pra quem quiser passar.

Acho que saí da linha, era pra escrever sobre os amantes que se esquentam debaixo da garoa fina, mas não tem garoa, tem a matéria escura fria e seca que vai esquentar só com o sol de amanhã se não nublar. Sem garoa, sem inspiração pra inventar algo batido que, em verdade, está escondido no coração de um cara que acredita que isso era coisa de adolescente... Cara chato que pensa assim só porque está solitário sem seu quarto (ironicamente um cenário rotulado adolescente).

Já que não tem volta (melhor, já que tenho que imaginar algo como dois amores na rua nesse frio acalentados pelo amor, ou paixão ou algo assim), como poderia desenvolver uma boa história pra esse casal ?? Algo não clichê então, nada de reconciliação, nada de despedidas, nada dos instantes antes de fugirem de casa e nada, diria absolutamente sem chance, de coisas pervertidas como irmãos que se amam (ou tem apenas desejo um pelo outro, mas confundem tudo com o amor familiar, sei lá) ou coisa impossível graças a hipocrisia, talvez até mesmo dos amantes (poderia ter como cenário uma cidadezinha) e outros problemas que podem dar uma boa novela... Acho que não há nada o que se criar pra esse amantes, já inventaram tudo. Deve faltar viver essas aventuras, então deixo que eles vivam como quiserem qualquer roteiro inovador ou só róliudiano.

Nossa !! É isso cara !! Genial !! Veja, você é o primeiro a dar liberdade total para duas personagens para que escolham a história que quiserem !! UAU !!
Hmmm... Não não !! Isso tudo mundo (raros caso que contrariam a regra) já faz na vida real !! Não tenho mérito algum, ainda mais que matei essa ficção (poderia ser bela, imagino) usando o cotidiano imprescindível !! Sem destino arranjado ou provação ou lições ou premiação da crítica. Acabei por fazer um mundo fechado ser jogado à existência !! Acho que tive uma atitude : apunhalei um devaneio romântico com a afiada realidade !!

Não há volta para o que pretendia, mas não é um ponto final !! Não é mais uma ficção, nem realidade !! Quem sabe seja imaginação ou imagem em ação... Algo que sai de mim e se joga no mundo.

Infeliz asfalto seco que não resiste ao congelante vento !! Por que não choves agora minha amiga ?? Por que estes terrenos estão tão valorizados hoje acabando com minha visão da cidade e seu horizonte quando constroem mais e mais andares ?? Ah, se existisse uma história onde tudo isso fosse respondido !!

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