quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Dos tempos de felicidade

Claramente a felicidade não pode durar muito tempo. Se no passado sempre fomos mais felizes que no presente, quando constatamos que somos felizes agora, será então por momento e não será tão perceptível que a felicidade já não é mais a mesma pelo tempo que ainda cremos plenamente nela ou na volta dela; é então que já começa a queda em linha levemente inclinada, mas só a percebemos quando já estamos jogados ao chão.

Durante a queda tudo tem uma face ilusória, para não dizer mágica ou fantasiosa (é assim que vemos tudo quando ainda não percebemos a queda). Temos o começo da queda no momento que estamos cientes que somos felizes há tão pouco tempo que cremos que voltaremos ao estado do qual saímos embriagados; sutil ilusão, a felicidade é um momento, o que dura depois é ilusão sob o nome de nostalgia. A felicidade plena é como um raio, e só a percebemos quando ouvimos o trovão, depois disso é somente a espera por outra luz (ou flash) no meio do temporal da vida.

Ah, as sutilezas que vivemos, sem perceber que a tempestade está cada vez mais furiosa. Pequenas distrações e efemeridades que não me fizeram crer na emergência do nefasto temporal. Esse clima de tempo fechando era presente em intervalos regulares, mas depois vinha certo alívio de saber que a nuvem negra não aprecia tão fatal, mesmo com o aumento de sua forma ameaçadora; era a sensação que estava tudo bem e isso me dava todos os tipos de prazeres: do mais leve alívio, passando para um êxtase até os picos de excitação.

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